UM SOCO NA ALMA – DICAS DE SEGURANÇA, PROTEÇÃO E APOIO À MULHER
- sitesacredsecond
- 8 de mai. de 2019
- 5 min de leitura
No livro que escrevi, Um Soco na Alma, vimos que na violência, o outro é impedido de se expressar, é negado em sua integridade e é visto e tratado como um objeto. Aprendemos que a violência psicológica é apenas a porta para violências mais sérias e cruéis, podendo chegar ao feminicídio. Tendo em vista muitas mulheres leitoras, sentir falta de um complemento que as fizesse ter segurança, apoio e norte, resolvi fazer este complemento sugerindo algumas dicas de prevenção e rompimento de vínculo abusivo. Sempre lembrando que a vítima NUNCA tem culpa, as dicas a seguir podem servir de proteção àquelas mulheres que nunca sofreram abuso, estão em dúvidas se estão neste tipo de relacionamento, ou estão no olho do furacão, mas impotentes para romper. Essas sugestões farão com que a leitora acaricie sua autoestima, se tornando um exercício diário de auto respeito e amor próprio.
Para as leitoras que não se relacionam com abusadores, mas querem se informar sobre prevenção, as sugestões são importantes no sentido de alertar e instruir que a empatia e consideração que um homem tem que ter por sua parceira, não surgem do nada, elas veem com sua cultura e aprendizado da vida. Se um homem se relaciona com uma mulher e seus comportamentos são abusivos, dificilmente ele mudará, pois o comportamento natural de respeito, não faz parte do repertório dele.
Infelizmente, segundo relatório recente de avaliação do Tribunal de Contas da União (http://portal2.tcu.gov.br), ações educativas para prevenção primária à violência contra a mulher foram consideradas uma lacuna na implementação da Lei Maria da Penha, pensando nesta lacuna, abaixo relaciono algumas dicas de proteção, segurança e apoio.
DICAS PARA QUEM ESTÁ NO “OLHO DO FURACÃO
Conheça seus direitos.
Compreenda que não pode mudar seu parceiro.
Não revide. Abusadores são ótimos manipuladores, a intenção deles é provocar até que a vítima perca o controle, para depois culpá-la pelo que aconteceu. Não entre em brigas, não o ofenda de volta. Não fazer nada em uma situação dessas é muito difícil, mas tente se lembrar de que isso é uma armadilha e quem “pagará o pato” depois, será você.
Nunca use violência física, mesmo que chegue ao seu limite. Afaste-se respire fundo, conte as respirações e encerre a discussão. Controle-se.
Informe-se sobre os efeitos de um relacionamento abusivo em longo prazo. (Conteúdo do livro Um soco na Alma)
Procure ajuda.
SAINDO DA RELAÇÃO
Não arranje desculpas para o comportamento do parceiro.
Ligue para a polícia e vá para algum lugar seguro se temer por sua segurança e integridade.
Caso tenha filhos, proteja-os. A segurança deles deve ser priorizada, mande-os para a casa de amigos ou parentes.
Tenha extrema cautela para sair dessa relação, mesmo que o abuso seja “só emocional”. Em caso de emergência, ligue 180.
Corte a comunicação. Apague o número de telefone dele e acabe com o contato por redes sociais. Talvez seja uma boa ideia mudar seu número de telefone, também.
Não tente mostrar que sua vida é melhor sem ele. Sua recuperação deve ser pessoal e íntima, ele não tem nada a ver com isso.
Lembre-se de que o abuso não foi culpa sua. Ninguém merece sofrer nenhum tipo de assédio e nada do que você tenha feito é justificativa para o abuso. Encontre maneiras de ser feliz, escreva em um diário, faça caminhadas ao ar livre e faça coisas que sejam prazerosas e divertidas como desenhar ou viajar.
Consiga ajuda profissional. Encontre um(a) terapeuta para ajudá-lo a trabalhar essa situação. Ele(a) poderá ajudá-la a se restabelecer emocionalmente e lidar com sentimentos típicos da depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e raiva.
Para conseguir ajuda e fugir de um relacionamento abusivo, ligue 180 para ter mais informações sobre como prosseguir. Além disso, é aconselhável fazer um Boletim de Ocorrência em uma delegacia.
DICAS PARA PREVENÇÃO
Aprenda a dizer “não”.
Não faça sacrifícios desnecessários.
Reclame se não gostar de algo.
Tenha respeito próprio.
Não procure desculpas para parceiros estúpidos ou desrespeitosos.
Não se sinta dependente de aprovação – o que importa é o que você pensa de si mesma e de seus comportamentos.
Pare de achar que o problema do relacionamento é culpa exclusiva sua – ambos são importantes para a resolução dos problemas.
Não sinta medo de ser rejeitada – suas opiniões e insegurança têm que ser verbalizadas, o mínimo que ele tem que fazer é te ouvir.
Não ignore seus interesses – escute seus desejos e instintos.
Não tenha medo de ficar sozinha, sacrificando sua dignidade – como dizia a vovó, “antes só, do que mal acompanhado”.
Tenha em mente que o respeito vem por merecimento e é uma via de mão dupla.
Por fim, fique atenta aos comportamentos abusivos e ao que você considera falta de respeito à sua condição feminina.
LOCAIS DE APOIO Entre as instituições e serviços cadastrados estão:
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) compõem a estrutura da Polícia Civil e são encarregadas de realizar ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal. Nessas unidades é possível registrar o Boletim de Ocorrência (B.O.) e solicitar medidas protetivas de urgência nos casos de violência doméstica contra a mulher. Segundo dados do Ministério da Justiça, até agosto de 2012 havia 475 Delegacias ou Postos Especializados de Atendimento à Mulher em funcionamento no país.
Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAMs) – são espaços de acolhimento e acompanhamento psicológico e social a mulheres em situação de violência, que também fornecem orientação jurídica e encaminhamento para serviços médicos ou casas abrigo.
Casas Abrigo – oferecem asilo protegido e atendimento integral (psicossocial e jurídico) a mulheres em situação de violência doméstica (acompanhadas ou não dos filhos) sob risco de morte. O período de permanência nesses locais varia de 90 a 180 dias, durante o qual as usuárias deverão reunir as condições necessárias para retomar a vida fora dessas casas de acolhimento provisório.
Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) – unidades públicas que desenvolvem trabalho social com as famílias, com o objetivo de promover um bom relacionamento familiar, o acesso aos direitos e a melhoria da qualidade de vida.
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – órgãos da Justiça ordinária com competência cível e criminal, são responsáveis por processar, julgar e executar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Órgãos da Defensoria Pública – prestam assistência jurídica integral e gratuita à população desprovida de recursos para pagar honorários a advogados e os custos de uma solicitação ou defesa em processo judicial/extrajudicial ou de um aconselhamento jurídico.
Serviços de Saúde Especializados para o Atendimento dos Casos de Violência Contra a Mulher – contam com equipe multidisciplinar (psicólogas/os, assistentes sociais, enfermeiras/os e médicas/os) capacitada para atender os casos de violência doméstica contra a mulher e de violência sexual. Nos casos de violência sexual, as mulheres são encaminhadas para exames e são orientadas sobre a prevenção de DSTs – incluindo HIV – e da gravidez indesejada. Além disso, oferecem abrigo, orientação e encaminhamento para casos de abortamento legal.
Esses são apenas alguns dos serviços e instituições que compõem a Rede de Atendimento, que inclui também: Varas Adaptadas de Violência Doméstica e Familiar; Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do Ministério Público; Serviços de Abrigamento e outros. Uma lista com endereços e dados para contato de serviços jurídicos especializados no atendimento a mulheres em situação de violência – que inclui Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Varas Adaptadas de Violência Doméstica e Familiar, Promotorias Especializadas e Núcleos de Gênero do Ministério Público e Núcleos/Defensorias Especializados de Atendimento à Mulher – e de DEAMs, CRAMs, CRAS, Casas Abrigo e outros serviços, pode ser acessada no site da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República ou por meio do Atlas de Acesso à Justiça, ferramenta do Ministério da Justiça.
Texto por Wilza Meireles, Psicóloga Clínica, CRP 01/16141

















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