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Consciência, o fator primordial da evolução

  • Gisele Azevedo
  • 28 de fev. de 2018
  • 4 min de leitura

Saudade é a falta de si mesmo.

Como eu adoro trabalhar com conceitos, vamos primeiro definir consciência.

Do Latim CONSCIENTIA, “conhecimento próprio, senso moral, noção do que é direito”, de CONSCIRE, “ser mutuamente alerta”, de COM, “junto, com”, mais SCIRE, “saber, conhecer”

  1. Sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo interior.

  2. sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais. (Curioso como Consciência é algo que se relaciona com a moral, não acham? Inclusive tem outros conceitos de consicência que é idêntico ao conceito de moral. Não vou colocá-los por uma mera questão de direcionamento.)

  3. conhecimento, convicção, discernimento, compreensão

  4. psicologia: nível da vida mental do qual o indivíduo tem percepção (ao contrário dos processos inconscientes)

  5. medicina: estado do sistema nervoso central que permite a identificação precisa, o pensamento claro e o comportamento organizado.

  6. ética: faculdade, princípio ou propriedade (inata ou, para a teologia antiga, de implantação divina) acima da qualidade moral dos atos e motivos de uma pessoa, a qual funciona como juízo docerto, associado ao Bem, e do errado, associado ao Mal.

  7. filosofia: faculdade por meio da qual o ser humano se apercebe daquilo que se passa dentro dele ou em seu exterior.

Existem muitos princípios que norteiam a evolução da vida. Dentro da perspectiva teosófica, Jinarajadasa menciona três principais.

O primeiro deles dita que a vida cresce em resposta a estímulos externos. Esses estímulos são necessários para despertar a vida adormecida, seja ela do mineral, do reino vegetal, dos animais ou do homem.


O segundo princípio é que a vida cresce por meio da construção e da destruição. Durante o movimento da vida, ela constrói e destrói o tempo todo, procurando sempre alcançar um ideal. Nesse processo não há desperdício. A vida se retira dos organismos moribundos, para reaparecer intacta nas formas de gerações seguintes. Visto que a vida é indestrutível, ela trabalha na sua autoevolução, de experimento em experimento, construindo formas cada vez mais organizadas, adaptadas e complexas.


O princípio mais importante a ser considerado e compreendido é que durante a evolução da vida, há uma liberação cada vez maior de consciência. Uma forma bem-sucedida é aquela capaz de manifestar a consciência dentro de si com mais plenitude. Simplesmente viver, significa pouco para a vida. Ela continuamente se esforça para se tornar cada vez mais autoconsciente, atuando de forma harmônica com o todo.


O conceito de que as energias vitais na natureza não trabalham cegamente, nem ao acaso, sendo, ao contrário guiadas por um princípio maior, uma ordem que está em constante evolução, é uma idéia muito antiga, existente ao longo da historia da humanidade.


Muito bem. Segundo Jinarajadasa (e não apenas ele) há uma ordem, uma inteligência que atua por trás da Vida. Agora vamos introduzir uma nova idéia.

Parmênides, um filósofo pré Platão diz que tudo que vive é composto de espírito, matéria e forma. O espírito por conceito, é imortal. Se o espírito fosse perecível depois da morte, então ele também poderia perecer em vida, pois o mal do espírito são as debilidades, os nossos defeitos, a corrupção, o medo, a falta de caráter. Ainda sim, se o mal do espírito é incapaz de destruí-la, certamente, não será a morte física que o fará.

Na matéria tudo é transformado (opa, voltamos ao conceito acima de Jinarajadasa em que nada é desperdiçado). Lavoisier já dizia "Na Natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma.". E a forma é uma idéia. Ao sofrer uma "morte", ela retorna para o plano das idéias para ser utilizada novamente em um outro momento. Como se destrói uma idéia? Como se destrói a idéia de um copo? Ou a de um triângulo? Ou mesmo a de uma mesa.


Continuando com a idéia de Parmênides, existe uma união da forma e da substância (matéria). Isso significa que uma mesa é uma idéia que encarna em uma substância (madeira, pedra, vidro ferro, ou que for) e quando essa mesa é destruída, a idéia mesa retorna para o plano da idéias e a substância, ou seja, a matéria, se decompõe transformando-se em outra coisa (pó, ferrugem, carvão) ou mesmo em outra forma.

Em se tratando da vida, existe um conceito de você encarnado em uma substância orgânica, que é seu corpo. E a consciência identifica-se com esse casamento forma-matéria. Quando essa união é desfeita, a consciência passa a crer que morreu.


Ué..... E onde entra o espírito então? Bem, o espírito ou a alma que nos anima (um olá para Jung! :D ) está para além dessa união. Ao morrer, o homem não deixa de existir. Torna-se inconsciente devido à sua identificação com a união temporária matéria-idéia. O espírito é, portanto, quem nós somos. E precisamos começar a trabalhar para nos identificarmos com esse espírito, com nossa essência, quem somos de fato. E assim como a vida, para despertar a consciência, precisamos de estímulos internos e externos, experiências, situações, pensamentos, sentimentos, vida externa e interna (lembram do primeiro princícpio lá em cima?) para que possamos lembrar, afinal, "aprender é lembrar" (Platão).


Compreendendo isso, torna-se muito mais fácil compreender que a morte é sinônimo de inconsciência, e que portanto, a consciência é a chave da evolução e da vida.


Agora... como querer vencer a inconsciência depois da vida, se ela não é vencida DURANTE a vida? Questiono ainda mais: com o que sua consciência se identifica? Corpo? Mente? Com o que está dentro ou fora de você?


Interessante, não? Vamos finalizar esse texto com uma frase de Jung que, embora ele a traga num contexto, numa dimensão psíquica, acredito que vem muito à calhar.


"Ela (a alma) convence-nos de coisas inacreditáveis para que a vida seja vivida. A alma é cheia de ciladas e armadilhas para que o homem tombe, caia por terra, nela se emaranhe e fique preso, para que a vida seja vivida. Assim como Eva, no paraíso, não sossegou até convencer Adão da excelência da maçã proibida. Se não fosse a mobilidade e iridecência da alma, o homem estagnaria em sua maior paixão, a inércia. Ter alma é a ousadia da vida, pois a alma é um daimon doador de vida... " - Jung

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